colunista

Odilon Rios

Odilon Rios é jornalista, editor do portal Repórter Nordeste e escritor. Autor de 4 livros, mais recente é Bode Pendurado no Sino & Outras Crônicas (2023)

Conteúdo Opinativo

Memórias de Santana do Ipanema

06/07/2024 - 06:00

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Aos escrevinhadores sempre seja dada toda a importância merecida. Sob esta bandeira, discorremos nós acerca do livro “Santana do Ipanema – Sua Origem”, no qual o escritor Fernando Valões mergulha na história do rincão sertanejo com uma corajosa postura, enquanto questionador de fatos, afirmando que “muitas histórias equivocadas foram replicadas em livros, jornais e revistas”.

Assim, acreditou na força de sua obra para “compartilhar as informações jurídicas corretas sobre a emancipação política de Santana do Ipanema”, corrigindo um erro sobre datas. No entanto, a obra traz elementos sociológicos e antropológicos de expressivo valor, quando resgata memórias políticas como as do padre e deputado lendário nas plagas sertanejas Francisco José Correia de Albuquerque; referências a sesmeiros como Pero de Albuquerque e Paulo Viveiros Afonso, mas não deixa de fora os povos originários, quando registra que “no início do século 18, a região da Ribeira do Ipanema, ainda era habitada por diversas etnias indígenas, entre elas os Mariquitas, Pancarus, Fulni-ô, Xucurus, Pankararu, Atikum, Kimbiwa, Truka, Kiriri, Tuxa, Pankararee, Urumaris e Tupiniquins”.

A confusão histórica que questiona está na data de 24 de abril de 1875, que, segundo informa, em muitos registros foi posta como emancipação política de Santana do Ipanema do município de Traipu, mas na verdade, “se refere à criação da comarca de Pão de Açúcar e termo de comarca da freguesia de Sant’ana da Ribeira do Ipanema pela resolução nº 681, na gestão do governador João Tomé da Silva”. Tratando-se de uma lei originada no Tribunal de Justiça de Alagoas, que elevou a então freguesia à condição de Vila, passando após isso, a ser gerida por magistrados.

De acordo com as pesquisas documentais realizadas pelo escritor, que se define como historiador e cientista social, além de jornalista, a verdadeira data de emancipação política de Santana do Ipanema é “21 de janeiro de 1890, com a promulgação do decreto nº 1, durante o governo de Pedro Paulino Fonseca”.

No livro, podemos acompanhar o nascimento da Ribeira do Ipanema, como interpretação dos povos originários que se firmaram nas “margens” do importante rio, seu passado como freguesia e vila de Sant’ana da Ribeira do Ipanema, já com a influência católica da chegada dos avós de Jesus, Joaquim e Ana, ao lugar; até seu resumo em Santana do Ipanema, uma cidade importante no circuito sócio-histórico do sertão alagoano.

Ao escrevinhador seja garantido o direito à paixão, principalmente quando pisa com palavras no chão e suas histórias e nele pretende plantar valor e glória, como a mais bonita das intenções, como demonstra Fernando Valões.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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